terça-feira, 12 de novembro de 2013

A História do Brasil em 15 minutos - Documentário - ( HD-1080 )

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quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Arquitetos do Poder - ótimo documentário

A CHINA SENTE A SUA HORA E ABRE SUAS ASAS


O NASCIMENTO DO MUNDO “DESAMERICANIZADO”



Por Pepe Escobar

É isso. A China decidiu que “basta!” Tirou as luvas (diplomáticas). É hora de construir um mundo “desamericanizado”. É hora de “uma nova moeda internacional de reserva” substituir o dólar norte-americano.

Está tudo lá, escrito, em editorial da rede Xinhua, saído diretamente da boca do dragão. E ainda estamos em 2013. Apertem os cintos – especialmente as elites em Washington. Haverá fortes turbulências.

Longe vão os dias de Deng Xiaoping de “manter-se discreto”. O editorial da Xinhua mostra, em formato sintético, a gota d’água que fez transbordar o copo do dragão: o atual ‘trancamento’ (shutdown) nos EUA. Depois da crise financeira provocada por Wall Street, depois da guerra do Iraque, um mundo “desentendido”, não só a China, quer mudança.

Esse parágrafo não poderia ser mais explícito:

“Sobretudo, em vez de honrar seus deveres como potência liderante responsável, uma Washington interessada só em si mesma abusa de seu status de superpotência e gera caos ainda mais profundo no planeta, disseminando riscos financeiros para todo o mundo, instigando tensões regionais e disputas territoriais, e guerreando guerras ilegítimas, sob o manto de deslavadas mentiras.

A solução, para Pequim, é “desamericanizar” a atual equação geopolítica – a começar por dar voz mais ativa no FMI e no Banco Mundial a economias emergentes e ao mundo em desenvolvimento, o que deve levar à “criação de uma nova moeda internacional de reserva, a ser criada para substituir o dólar norte-americano hoje dominante”.

Observe-se que Pequim não advoga a sumária extinção do sistema de Bretton Woods – não, pelo menos, já; quer, isso sim, mais poder para decidir. Parece razoável, se se considera que a China tem peso apenas ligeiramente superior ao da Itália, no FMI. A “reforma” do FMI – ou coisa parecida – está em andamento desde 2010, mas Washington, como seria de esperar, vetou todas as alterações substanciais, até agora.

Quanto ao movimento para afastar-se do dólar norte-americano, também já está em andamento, com graus variados de velocidade, especialmente no que diga respeito ao comércio entre os países BRICS, as potências emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), que já está sendo feito, hoje, predominantemente, nas respectivas moedas. O dólar norte-americano está lentamente, mas firmemente, sendo substituído por uma cesta de moedas.

A “des-Americanização” também já está em curso. Considere-se, por exemplo, a ofensiva de charme dos chineses pelo Sudeste Asiático, que está acentuadamente começando a inclinar-se na direção de mais ação com principal parceiro econômico daqueles países, a China. O presidente Xi Jinping da China, fechou vários negócios com a Indonésia, a Malásia e também com a Austrália, apenas umas poucas semanas depois de ter fechado outros vários negócios com os ‘-stões’ da Ásia Central.

A empolgação chinesa com promover a Rota da Seda de Ferro alcançou nível de febre, com as ações das empresas chinesas de estradas de ferro subindo à estratosfera, ante o projeto de uma ferrovia de trens de alta velocidade até e através da Tailândia já virando realidade. No Vietnã, o premiê chinês Li Keqiang selou um entendimento segundo o qual querelas territoriais entre dois países no Mar do Sul da China não interferirão com mais e novos negócios. Pode-se chamar de “pivotear-se” para a Ásia.

Todos a bordo do petroyuan

Todos sabem que Pequim possui himalaias de bônus do Tesouro dos EUA – cortesia daqueles massivos superávits acumulados ao longo dos últimos 30 anos, mais uma política oficial de manter lenta, mas segura, a apreciação do yuan.

E Pequim, simultaneamente, age. O yuan está também lenta, mas em segurança, se tornando mais conversível nos mercados internacionais. (Semana passada, o Banco Central Europeu e o Banco do Povo da China firmaram acordo para uma troca de moeda (orig. swap) de US$45-$57 bilhões, que aumentará a força internacional do yuan e melhorará seu acesso ao comércio financeiro na área do euro.)

A data não oficial para a total conversibilidade do yuan cairá em algum ponde entre 2017 e 2020. A meta é clara: afastar-se de qualquer respingo da dívida dos EUA, o que implica que, no longo prazo, Pequim está-se afastando desse mercado – e, assim, tornando muito mais caro, para os EUA, tomarem empréstimos. A liderança coletiva em Pequim já fechou posição sobre isso e está agindo nessa direção.

O movimento na direção da plena conversibilidade do yuan é tão inexorável quanto o movimento dos BRICS na direção de uma cesta de moedas que, progressivamente, substituirá o dólar norte-americano como moeda de reserva. Até lá, mais adiante nessa estrada, materializa-se o evento cataclísmico real: o advento do petroyuan – destinado a ultrapassar o petrodólar, tão logo as petromonarquias do Golfo vejam de que lado ventam os ventos históricos. Então, o bate-bola geopolítico será outro, completamente diferente.

Pode ser processo longo, mas é certo que o famoso conjunto de instruções de Deng Xiaoping está sendo progressivamente descartado: “Observe com calma; proteja sua posição; lide com calma, com as questões; esconda nossas capacidades e aposte no nosso tempo; seja discreto; e jamais reclame a liderança.”

Uma mistura de cautela e escamoteamento, baseada na confiança que os chineses têm na história, e levando em consideração uma grave ambição de longo prazo – era Sun Tzu clássico. Até aqui, Pequim andou devagar; deixando que o adversário cometa erros fatais (e que coleção de erros de multi-trilhões de dólares…); e acumulando “capital”.

Agora, chegou a hora de capitalizar. Em 2009, depois da crise financeira provocada por Wall Street, ainda havia chineses que resmungavam contra “o mau funcionamento do modelo ocidental” e, em suma, contra o “mau funcionamento da cultura ocidental”.

Beijing ouviu [Bob] Dylan (legendado em mandarim?) e concluiu que, sim, the times they-are-a-changing [os tempos estão mudando].Sem que se veja nem sinal de avanço social, econômico e político – o ‘trancamento’ [shutdown] nos EUA seria outra perfeita ilustração, se se precisasse de ilustração – de que os EUA deslizam tão inexoravelmente quanto a China, pena a pena, vai abrindo as asas para comandar a pós-modernidade do século 21.

Que ninguém se engane: as elites de Washington lutarão contra, como se estivessem ante a pior das pragas. Mesmo assim, a intuição de Antonio Gramsci precisa ser atualizada: a velha ordem morreu, e a nova ordem está um passo mais perto de nascer.

Por: Fernando Brito 

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Biografia de José Ortega y Gasset 1883-1955


Um dos filósofos espanhóis da primeira metade do século XX, têm exercido mais influência na Espanha e fora dela. Com um estilo literário, cheia de metáforas e one-liners, tentou fazer filosofia numa linguagem próxima da de Don Quixote, o que lhe permitiu atingir o público (a "adoração pública", dizem eles). Nascido em Madrid em 1883, no coração de uma família rica da aristocracia Madrid ligada ao jornalismo e política (um burguês, no entanto, com os cuidados e tendências aristocráticas, como pode ser visto em toda sua vida e obra). Seu pai, José Ortega Munilla, foi diretor do jornal Imparcial, fundada por seu avô materno, Eduardo Gasset e Artime, e onde Ortega trabalhou duro. Sua vida está profundamente ligada ao jornalismo, a política, as atividades de publicação, e ocupou um lugar de destaque na vida intelectual espanhola durante a primeira metade do século XX. Ele estudou no Colégio Jesuíta de San Estanislao, em Miraflores del Palo (Málaga), iniciou os seus estudos na Universidade jesuíta de Deusto (Bilbao), e continuou na Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade Central (Madrid), onde formou-se em 1902.

Doutor em Filosofia em 1904 pela Universidade de Madrid, com a tese, mil terrores. A crítica de uma legenda (58 p.)

De 1905-1907 estudou na Alemanha: Leipzig, Nuremberg, Colônia, Berlim e, especialmente, em Marburg, onde ele se familiarizar com as "musas alemães" (neokantismo de Hermann Cohen e Paul Natorp, entre outros) que tanto impressionado Ortega (ávido leitor de Nietzsche em sua juventude), a tal ponto que se tornou sua vida obcecado com a grandeza da filosofia, da ciência e da arte alemã (seu filho Miguel Germán foi nomeado em memória de sua permanecer na Alemanha, que ele considerava a sua "segunda casa").

Defendeu um europeísmo (Unamuno passou a considerar-se de "simplório") germanizante corte que o levou a duvidar da existência de uma filosofia espanhola e até mesmo considerado a personificação do que a filosofia, e para executar como iniciador da "verdadeira filosofia "(o Biognosis), concebido como" Crítica da Razão Histórica "e entendida como" ciência da humanidade "(" ciência da vida ", no sentido estrito), distinta e irredutível à física e razão razão abstrata. Ortega, de fato, estava convencido de que "raça", a "substância" estavam doentes e proposta espanhol enrolado como era pelo "mito da cultura" - como "remédio" a ingestão de grandes doses de 'cultura' ( alemão, é claro). Em 1909 foi nomeado professor catedrático de Psicologia, Lógica e Ética da Escola Superior de Educação de Madrid (ver Gaceta de Madrid de 04 de agosto) e em outubro 1910 venceu por Professor oposição da Metafísica da Universidade Central, vago após a morte de Nicolás Salmerón. O tribunal foi presidido por Eduardo Sanz Escartín, e formado por Francisco Fernández y González, José de Castro y Castro, Luis Simarro, Adolfo Bonilla y San Martin, Joseph Case e Branco e padre Alberto Gómez Izquierdo, o único voto contra a proposta. Naquele ano, também se casa com Rosa Spottorno e Topete.

A 23 de março de 1914 falando no Teatro de Comédia, em Madrid, intitulado "política Velho e Novo", que é considerado o ato de fundação da Liga espanhola de Educação Política. Nele, sobre os princípios do liberalismo e nacionalização, foi postulada como a vanguarda da "Espanha vital" versus "oficial Espanha." Em 1917, ele foi forçado a interromper a sua colaboração com El Imparcial, mas rapidamente se juntou à lista de contribuintes ao jornal The Sun fundada pelo empresário Nicholas Basco Urgoiti mas inspirado por Ortega. Neste jornal publicou os "folhetins" que anteciparam duas de suas obras mais importantes: Espanha invertebrados e A Revolta das Massas. Se Urgoiti fundou, em 1920, o Calpe Editorial (que irá juntar-se mais tarde com Espasa), um de cujos acervos será dirigida por Ortega: ". Biblioteca de Idéias do século XX", o A publicação mais importante Ortega, no entanto, West Magazine, fundada em 1923. Desde que ela também promoveu a tradução das mais importantes tendências filosóficas e científicas no momento:. Spengler, Huizinga, Husserl, Simmel, Uexküll, Heimoseth, Brentano, Driesch, Müller, Pfander, Russell, & c, são alguns dos autores mais representativo. Como um follow-magazine, destaca a reunião diária, presidido por Ortega, que participou dos colaboradores, amigos e alunos. Editou a revista até 1936 e, em 1962, sua publicação foi reemprendida por seu filho José Ortega Spottorno, e mais tarde foi dirigida por sua filha Soledad Ortega Spottorno.

Entre 1931 e 1932 foi membro da Constituinte da Segunda República, como representante da Associação ao Serviço da República, fundada em fevereiro de 1931 por Gregorio Marañón, Ramón Pérez de Ayala e ele próprio. O período agitado da vida política espanhola entre 1923 e 1936 pertencem alguns de seus mais famosos escritos políticos, incluindo: O resgate das províncias e decência nacional (coletânea de artigos publicados entre 1927 e 1930), Retificação da República ( reunindo artigos de jornal, discursos parlamentares e palestra proferida na Ópera Cinema em Madrid, em 06 de dezembro de1931, intitulado "Retificação da República") e os discursos sobre o Estatuto da Catalunha (publicado pela Revista de Occidente, em 1932, dentro o livro intitulado A reforma agrária eo Estatuto catalão). Desencantado da atividade parlamentar deixa a sua participação ativa na República, embora nunca totalmente resignado com a possibilidade de exercer influência em questões de Estado, agora em guerra civil e durante os primeiros anos do regime de Franco, como mostrado por Gregory Moran . Em 1936, Espanha deixa de iniciar uma viagem (Paris, Holanda, Argentina, Portugal) não vai acabar até sua morte, no entanto, desde 1945, a vontade temporadas na Espanha. Em 1948 ele fundou, ao lado de seu discípulo Julian Marias, o Instituto de Ciências Humanas, oferece várias palestras em os EUA, Alemanha e Suíça, e em 18 de outubro de 1955 morreu em sua casa em Madrid, Monte Esquinza 28.

Ortega tem exercido uma influência significativa não só em Espanha e na América Latina, mas também em outros países, por exemplo na Alemanha. Entre os hispânicos mais ou menos diretamente influenciados por ele incluem: Manuel García Morente (1886-1942), Joaquin Xirau (1895-1946), Xaxier Zubiri (1898-1983), José Gaos (1900-1969), Luis Recasens Siches (1903 -1977), Manuel Granell (1906-1993), Francisco Ayala (1906-2009), María Zambrano (1907-1991), Pedro Lain Entralgo (1908-2001), José Luis López-Aranguren (1909-1996), Julian Marias (1914-2005), Paulino Garagorri (1916-2007).

As linhas da filosofia de Ortega pode ser traçada a partir da crítica de uma série de pares de idéias Idéias ou tudo gira em torno da oposição Realismo / Idealismo em suas diferentes variantes e em uma tentativa de superar a mútua redução praticada , de acordo com Ortega, na antiguidade ("como a realidade fundamental que colocou a coisa do corpo") e na idade moderna ("que afirma que o pensamento realidade fundamental, a consciência" - por meio de sua justaposição (Coisas e I; circunstância e eu ) ou fundi-las em uma única idéia: Idea of ​​Life Life (vida por excelência, ou seja, a realidade última) concebido como princípio fundamental ontológica implica, por um lado, a negação da independência absoluta do mundo. pensar (e vice-versa) e, por outro lado, a conjugação afirmação: "o que é puro e principalmente é a coexistência do homem e do mundo ..., o que é, é a existência mútua do homem e do mundo ... mútuo serse. "realidade radical é, consequentemente, a soma da existência humana individual (bio) e da circunstância (que é um espaço bidimensional consistindo eixos radiais circulares antropológicos), concebido como o campo de problemas que têm de enfrentar o I (que não se identifica com o corpo ou a alma ou a sua composição.) Por exemplo: O núcleo da Terra, diz Ortega não é dada ou através de Astronomia (terra-estrela), ou mitologia (deusa-mãe), mas simplesmente consiste em uma série de difícil e fácil para os indivíduos: é o que nos sustenta, porque andar sobre ele, é algo que às vezes treme e nos aterroriza , aquilo que nos separa de nossos entes queridos, que nos permite escapar, & c.

Os primeiros orteguianos escritos, dizem que até 1913, estão profundamente marcadas pelo par de conceitos subjetivismo / objectism. Objetivismo (racionalismo) caracterizar esta primeira fase ou fase de pensamento que gira em torno de duas ideias principais: Idéias para a Ciência ea Cultura. A fase que Ortega queria terminar em 1916 com a publicação de pessoas, obras, coisas (volume que contém muitos dos artigos e escritos da juventude até 1912) e no prólogo diz: "Para mover guerra subjetivismo recusou-se a assunto , para o pessoal e para o indivíduo todos os seus direitos. Hoje parece mais de acordo com a verdade ... subjetividade proporcionar um trabalho e uma tarefa na colméia universal »Um post que já começou a assumir seu primeiro grande livro:. Meditações sobre Quixote (1914). Objetivismo inicial, portanto, é qualificado e correto a partir desta data com os poucos conceitos I-circunstância e, acima de tudo, com o conceito de "perspectivismo", introduzida a partir de 1913 e formulada explicitamente no título ilustrativo um dos seus mais emblemáticos: The Spectator. (Perspectivismo não muito longe de algumas categorias tomadas de biologia, particularmente aquelas desenvolvidas pelo biólogo Jacob von Uexkül, como pode ser visto em muitas de suas formulações: "Cada indivíduo, pessoa, pessoas, tempo é um órgão indispensável para a conquista da verdade ".) O par de conceitos I-Circumstance-se o tema do nosso tempo (1923) em pessoas de relativismo (Life) / Racionalismo ou aqueles de Cultura (vida espiritual) / Life (vida biológica, a vida espontânea ), cuja oposição procura contornar a justaposição habitual introdução de conceitos que define a sua própria filosofia: a relação-vitalismo. Perspectivismo vitalismo racional com o fundo, poderíamos dizer: "nem a economia de absolutismo racionalista anula a razão ea vida ou relativismo, evaporando vida razão de salvar." "Não existe cultura sem vida, sem espiritualidade, sem vitalidade." No entanto, essa justaposição acabará por ser reabsorvido pela "vida biológica" quando adquire o valor da vida por excelência ("espirituais atividades Ortega adverte também são vida principalmente espontânea. O conceito puro da ciência nasceu como uma emanação espontânea o sujeito, tal como o tear "). E isso é precisamente o tema de nosso tempo ", a submeter-se a razão pela vitalidade, localize dentro do biológico, submetê-la ao espontânea". "A razão pura tem que dar o seu império a razão vital". Mas há um momento em que a vida ea cultura são totalmente integrados (fundidos), a saber: o momento da criação de novos valores culturais, quando a cultura de germes (que é o momento de genialidade que marcam o início de novos tempos ) em relação à cultura e fez (desvitalizado, isto é estagnado, hieratizada). Neste momento (a mudança de valores), quando a vida é espontaneamente recupera seu valor proeminente: "Contra a cultura, a lealdade, a espontaneidade, a vitalidade" (balcão na fase de concepção da cultura que Ortega não é um retorno ao primitivismo).

Na Resolução: A doutrina da razão vital é a proposta de superar a oposição Ortega racionalismo / vitalismo, em dois sentidos: em primeiro lugar, vitalizante razão, ou seja, inseri-lo no contexto da existência humana, fazendo com que o resposta racional para as necessidades da vida anterior, segundo, negando o substancialismo da res cogitans. Então Ortega proclamou sua "cartesianismo da vida" através de uma fórmula ("Acho que é porque eu sou"), que Unamuno tinha aprovado no sentido trágico da vida, embora essa escolha, no entanto, esta: "Eu sinto, logo existo" . Como conseqüência imediata, Ortega joga para fora da janela da vida em toda a ontologia idéias tradicionais de substância, essência, existência, ser, corpo, alma, matéria, forma, & c., Insuficiente, e proclamou como o fundamento da verdadeira filosofia chamada filosofia inaugurando assim uma nova era, um princípio dinâmico: a vida entendida como um acontecimento, como o que nos acontece ("A vida não tem que ser corrigido e dado uma vez por todas, mas o que está acontecendo e acontecendo "). E isto aplica-se tanto a vida biográfico (vida como uma empresa, chore, a vida, em suma, como atividade proléptico) e para a vida cultural (crise e mudança de época). Sua doutrina torna-se assim, um historicista coloração presidido pela teoria das gerações, que se desenvolve em cerca de Galileu (1933), que os fundamentos da razão histórica, os principais princípios estabelecidos na História como um System (1935).

O histórico razão prazo circulou por Dilthey e Rickert e Windelband coletados, respectivamente, em História e Ciências Naturais (1894) e Ciência Cultural e Natural Science (1899) - é a razão vital posta em movimento, ou seja, é o Ortega oferecidos pela metodologia alternativa para a análise da vida tanto biográfica e histórica (análise da evolução das categorias culturais, o que Ortega chama de crença nas grandes épocas: Antiguidade, Idade Média, Renascença, início da era moderna). Este conceito pode ser considerado o resultado da operação de integração do seu perspectivismo vital (antropológico, cultural) para o reino da realidade histórica, através da definição do ser humano (de sua substância) como um ser histórico, o ser humano é inúmeras e variadas: em todo o tempo, em todo lugar, é outra. E o que é ser a existência humana principal compreendida de um homem, de um povo ou de uma era? O sistema de crenças em que ele vive. A metodologia proposta por Ortega é desvendar o sistema de crenças de um determinado tempo tentando descobrir, primeiro, a crença fundamental, a partir do qual todos os outros derivam. Mas como você descobrir o sistema de crenças de uma era? Usando o método de comparação, isto é, comparando umas com as outras vezes.

Neste contexto, Ortega anunciar o início de um novo tempo, o "alvorecer da razão histórica" ​​firmemente convencido de que a cultura moderna (cartesiano) tinha chegado ao fim: "O homem não tem natureza, o que você tem é história, porque a história é o modo de ser de uma entidade que é constitutivamente radicalmente, mobilidade e mudança. E isso não é razão pura, eleática e naturalista, que jamais poderá compreender o homem. Até agora, o homem tem sido um estranho ... Tudo começou quando as ciências históricas! A razão pura tem que ser substituído, devido narrativa ... E essa é a razão pela qual a narrativa histórica. "

Mas o que é o sintoma caso em que esta proclamação? O seguinte: a crise dos fundamentos das questões ciência (a crise da razão teórica), ou seja, física, lógica e da matemática e da crise nos fundamentos da prática da ciência (razão prática, a moralidade, a lei , política, costumes ...). Em suma, a crise de fé na própria idade moderna, a crise da razão pura e suas questões fundamentais: Verdade, Conhecimento e Auto E agora nos perguntar: O que é este anúncio, independentemente do anúncio real?
Obras principales de José Ortega y Gasset
1914 Meditaciones del Quijote • Vieja y nueva política
1915 Investigaciones psicológicas (Curso explicado entre 1915-16 y publicado en 1982)
1916 Personas, Obras, Cosas (artículos y ensayos escritos entre 1904 y 1912: «Renan», «Adán en el Paraíso», «La pedagogía social como programa político», «Problemas culturales», &c.)
1916-1934 El Espectador (8 tomos publicados entre 1916 y 1934)
1921 España Invertebrada
1923 El tema de nuestro tiempo
1924 Las Atlántidas
1925 La deshumanización del Arte e Ideas sobre la novela
1927 Espíritu de la letra • Mirabeau o el político
1928-1929 ¿Qué es filosofía? (curso publicado póstumamente en 1957), Kant
1929-1931 ¿Qué es conocimiento? (Publicado en 1984, recoge tres cursos explicados en 1929, 1930 y 1931, titulados, respectivamente: «Vida como ejecución (El ser ejecutivo)», «Sobre la realidad radical» y «¿Qué es la vida?»)
1930 La rebelión de las masas • Misión de la Universidad
1931 Rectificación de la República; La redención de las provincias y la decencia nacional
1932 Goethe desde dentro • Unas lecciones de metafísica (curso dado entre 1932-33 y publicado en 1966)
1933-34 En torno a Galileo (curso explicado en 1933 del que se publicaron algunas lecciones en 1942 bajo el título Esquema de las crisis)
1934 «Prólogo para alemanes» (prólogo a la tercera edición alemana de El tema de nuestro tiempo. El propio Ortega prohibió su publicación «por los sucesos de Munich de 1934». Finalmente se publicó en español en 1958.)
1935 Historia como sistema (1ª edición en inglés. La versión española es de 1941 e incluye su ensayo sobre «El Imperio romano»).
1939 Ensimismamiento y alteración. Meditación de la técnica
1940 Ideas y Crencias, • Sobre la razón histórica (curso explicado en Buenos Aires y publicado en 1979 junto a otro dado en Lisboa sobre el mismo asunto.)
1942 Teoría de Andalucía y otros ensayos • Guillermo Dilthey y la Idea de vida
1944 Sobre la razón histórica (curso dado en Lisboa, vid. supra)
1946 Idea del Teatro. Una abreviatura (conferencia dada en Lisboa, abril, y en Madrid, mayo; publicada en 1958, aunque en el núm. 62 de la Revista Nacional de educación ofreció una versión de la pronunciada en Madrid.)
1947 La Idea de principio en Leibniz y la evolución de la teoría deductiva (publicado en 1958)
1948 Una interpretación de la Historia Universal. En torno a Toynbee (publicado en 1960)
1949 Meditación de Europa (conferencia pronunciada en Berlín en 1949 con el título: De Europa meditatio quaedam. Se publica en 1960 junto a otros textos inéditos afines).
1949-1950 El hombre y la gente (curso explicado en 1949-1950 en el Instituto de Humanidades; se publica en 1957)
1950 Papeles sobre Velázquez y Goya
1951-1954 Pasado y porvenir para el hombre actual (título publicado en 1962 que reúne una serie de conferencias que Ortega pronunció en Alemania, Suiza e Inglaterra y se publicarán junto a un «Comentario al Banquete» de Platón.)
Otros póstumos: Goya (1958), Velázquez (1959), Origen y epílogo de la Filosofía (1960), La caza y los toros (1960), Vives-Goethe (1961)
Ediciones de las Obras de José Ortega y Gasset
1932 Obras de José Ortega y Gasset, Espasa-Calpe. Contiene: Meditaciones del Quijote. Vieja y Nueva política. El Espectador I-VIII. España Invertebrada. El tema de nuestro tiempo. Las Atlántidas. Kant. La deshumanización del arte e ideas sobre la novela. Espíritu de la letra. Mirabeau o el Político. La rebelión de las masas. Misión de la Universidad. La redención de las provincias y la decencia nacional. Rectificación de la República.
1946-1983 Obras Completas de José Ortega y Gasset, 12 vols. Revista de Occidente, Madrid. (A partir de 1983 se hace cargo de la edición Alianza Editorial). Se publicaron siguiendo el siguiente orden: Vols. 1-2 (1946). Vols. 3-6 (1947). Vol. 7 (1961). Vols. 8-9 (1962). Vols. 10-11 (1969). Vol. 12 (1983).
Sobre José Ortega y Gasset
Udo Rukser, Bibliografía de Ortega, Revista de Occidente (Estudios orteguianos 3), Madrid 1971, 407 págs.
Antón Donoso & Harold C. Raley, José Ortega y Gasset: a Bibliography of Secondary Sources,Philosophy Documentation Center, Bowling Green 1986, 4125 entradas.
Gonzalo Redondo, Las empresas políticas de Ortega y Gasset, Rialp (Cuestiones fundamentales 15), Madrid 1970, 2 vols., 476+608 págs.
Gregorio Morán, El maestro en el erial. Ortega y Gasset y la cultura del franquismo, Tusquets (Andanzas 324), Barcelona 1998, 541 págs.
Sobre José Ortega y Gasset en el Proyecto filosofía en español
1920 Félix C. Lizaso, José Ortega y Gasset
1931 Ramiro Ledesma Ramos, Sobre un libro político de Ortega y Gasset
1941 José Ferrater Mora, José Ortega y Gasset
1944 José Ferrater Mora, José Ortega y Gasset
1945 Juan Roig Gironella, S. I., Haeckel, Hegel, Ortega y Gasset
1947 Medardo Vitier, Sobre un lugar de Ortega y Gasset
1948 Carlos Alonso del Real, Otra vez Ortega
1951 José Ferrater Mora, José Ortega y Gasset
1956 Ignacio Iglesias, Don José Ortega y Gasset
José Ferrater Mora, Ortega y la idea de la vida humana
1958 José Ferrater Mora, José Ortega y Gasset
José Ferrater Mora, José Ortega y Gasset
1967 Carlos Amable Baliñas, José Ortega y Gasset
1976 José Ortega y Gasset en el Diccionario de Filosofía Contemporánea
1979 José Luis Abellán, «La muerte de Ortega y Gasset y la generación de 1956»Triunfo, Madrid, 23 de junio de 1979, número 856, páginas 58-60.
Rafael García Alonso, En torno a Ortega y la estética
Jacinto Sánchez Miñambres, Ortega y el nacimiento de la posmodernidad
2001 Gustavo Bueno, La Idea de Ciencia en Ortega
2002 Gustavo Bueno, La Idea de España en Ortega
Textos de José Ortega y Gasset en el Proyecto filosofía en español

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Maria Adélia de Souza no Seminário "Belém, 400 anos"


Maria Adélia Aparecida de Souza

Possui graduação em Geografia pela Universidade de São Paulo (1962), mestrado em Geografia - (1967) e doutorado em Geografia pela Universidade de Paris I (Sorbonne) (1975). É professora titular aposentada da USP continuando, no entanto, a trabalhar no seu Programa de Pós-Graduação em Geografia Humana. Tem experiência na área de Planejamento Urbano e Regional, com ênfase em Teoria e Práticas do Planejamento Urbano e Regional, atuando principalmente nos seguintes temas: planejamento urbano, desenvolvimento urbano, globalizacao, metropolizacao e epistemologia da Geografia.. Sua pesquisa atual está ligada a quatro linhas que fundamentam o que denomina Geografias da Desigualdade: 1) EPISTEMOLOGIA DA GEOGRAFIA, 2) USOS DO TERRITÓRIO BRASILEIRO: uma contribuição a construção de um projeto nacional, 3)TERRITÓRIO E PLANEJAMENTO NO BRASIL e 4) RECONHECENDO A GEOGRAFIA DA AMÉRICA LATINA. Nesta perspectiva teórica e prática produziu pesquisas no âmbito do Sistema de Justiça do Brasil, Uma releitura da Geografia da Fome, Uso do território pelo SUS - Sistema Único de Saúde e vem realizando monitoramentos do Uso do Território pelo Voto no Brasil nos ultimos anos, em diferentes escalas, aplicações da pesquisa iniciada na década de 90 denominadaTERRITORIO, LUGAR E PODER. Sua pesquisa epistemológica na Geografia busca a compreensão do território usado, do lugar, da região, buscando fundamentar o Período Popular da História.

Seminário Maria Adélia de Souza 8ª Bienal do Mercosul


Maria Adélia Aparecida de Souza

Possui graduação em Geografia pela Universidade de São Paulo (1962), mestrado em Geografia - (1967) e doutorado em Geografia pela Universidade de Paris I (Sorbonne) (1975). É professora titular aposentada da USP continuando, no entanto, a trabalhar no seu Programa de Pós-Graduação em Geografia Humana. Tem experiência na área de Planejamento Urbano e Regional, com ênfase em Teoria e Práticas do Planejamento Urbano e Regional, atuando principalmente nos seguintes temas: planejamento urbano, desenvolvimento urbano, globalizacao, metropolizacao e epistemologia da Geografia.. Sua pesquisa atual está ligada a quatro linhas que fundamentam o que denomina Geografias da Desigualdade: 1) EPISTEMOLOGIA DA GEOGRAFIA, 2) USOS DO TERRITÓRIO BRASILEIRO: uma contribuição a construção de um projeto nacional, 3)TERRITÓRIO E PLANEJAMENTO NO BRASIL e 4) RECONHECENDO A GEOGRAFIA DA AMÉRICA LATINA. Nesta perspectiva teórica e prática produziu pesquisas no âmbito do Sistema de Justiça do Brasil, Uma releitura da Geografia da Fome, Uso do território pelo SUS - Sistema Único de Saúde e vem realizando monitoramentos do Uso do Território pelo Voto no Brasil nos ultimos anos, em diferentes escalas, aplicações da pesquisa iniciada na década de 90 denominadaTERRITORIO, LUGAR E PODER. Sua pesquisa epistemológica na Geografia busca a compreensão do território usado, do lugar, da região, buscando fundamentar o Período Popular da História.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Reflexões sobre as manifestações dos últimos dias.


Esse é um post de um amigo Geografo, que acompanhou de perto as manifestações em São Paulo, em especial Campinas. O nome desse meu amigo é Carlos Eduardo. Ele é Doutorando em Geografia pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP. Bacharel em Geografia (2005) e Licenciado em Geografia (2007) pela Universidade Federal de Alagoas - UFAL. Mestre em Arquitetura e Urbanismo (2010), área de concentração em Dinâmicas do Espaço Habitado (DEHA), pela UFAL. Foi Professor Auxiliar da Universidade Estadual de Alagoas - UNEAL, Campus V. Na UNEAL participou do Núcleo de Estudos do Pensamento Miltoniano (Nepem), coordenado pelo Prof. Msc. Reinaldo Souza. Tem experiência em Geografia Humana e trabalhou com os seguintes temas: uso do território por movimentos de sem-teto; uso do território pela pirataria; conflitos urbanos. Atualmente, atua com os seguintes temas: uso do território e federalismo fiscal; renovação e difusão seletiva de materialidades; planejamento territorial. 



Segue abaixo o texto dele na integra. 

Bom, pessoal. Não tenho blog, então postarei direto aqui. São algumas reflexões sobre as manifestações dos últimos dias. Lógico, não são conclusivas, expressam uma opinião minha a partir do que venho acompanhando pessoalmente, mas também através das postagens e reportagens. Resta dizer, também, que reflete a minha dificuldade em compreender tudo isso que tá acontecendo (talvez não só minha, mas de outros). Deixo aberta a críticas. Escrita no calor do momento, muita coisa escapa e outras podem até estar erradas. Como toda generalização, o risco só aumenta. Mas é uma tentativa de contribuir com o debate.

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Quando as manifestações começaram há dias atrás, fui tomado por uma imensa alegria, por uma sensação de que, finalmente, as pessoas acordaram e resolveram tomar às ruas para protestar contra as desigualdades sociais do país. Dois tipos de relatos e imagens foram veiculados para retratar os acontecimentos: 1) aqueles da mídia hegemônica que focavam as imagens de manifestantes que quebravam equipamentos públicos (chamados de baderneiros, vândalos, etc.); 2) aqueles registrados pelo público presente que mostravam as ações arbitrárias e violentas da polícia contra os manifestantes e que utilizaram o facebook como meio de difusão de relatos e imagens mais concatenados com os fatos.

O primeiro tipo, sabemos, foi rechaçado pelo grande público mediante o caráter manipulador dos fatos. Pareceu claro que a mídia só queria defender os interesses dos políticos “corruptos” e dos poderosos empresários em detrimento da insatisfação da sociedade. E como não estávamos mais dispostos a ser manipulados, enganados; optamos, então, pelos relatos e imagens do facebook que pareceram estar mais de acordo com a realidade e com nossa sensação de insatisfação e indignação com os fatos sociais.

De telespectadores passivos, passamos a sujeitos ativos e começamos a nos manifestar, a desabafar nossos sentimentos numa catarse coletiva. Produzimos e/ou compartilhamos vídeos, imagens, textos com palavras de ordem, com conteúdo crítico referente aos problemas sociais enfrentados pelos brasileiros. O passe livre e os protestos contra o aumento de vinte centavos (apesar de que nas outras cidades os aumentos se propuseram distintos, mas tudo gravitou em torno de São Paulo) cederam lugar aos protestos contra uma série de coisas gerais e específicas seguidos de reivindicações.

Mas, o que pareceu comum a todas as manifestações no facebook e nas ruas? A insatisfação! Mas insatisfação com o que? Com tudo e com nada. E é aí que, a meu ver, mora o perigo.

Resumidamente, essa insatisfação em comum pareceu se tratar da mesma coisa: da política e dos políticos brasileiros. Uma abstração inequívoca e arriscada. E tudo, de repente, pareceu ser simples e fácil: o povo brasileiro, lutando por uma mesma causa (que causa?), de um lado; e os políticos corruptos, do outro. Simples assim, sem intermediações de nada. E o fator “insatisfação” bastou para servir e orientar as práticas sem justificação clara, pois nos pareceu que aquele fator se autojustificava.

Essa insatisfação da massa (para mim não se trata de uma insatisfação popular), mediada pelas redes sociais (viva às redes sociais), possibilitou de modo instantâneo e simultâneo colocar milhares de pessoas nas ruas de várias cidades brasileiras. De repente, uma grande energia contida individualmente, mas latente no conjunto da sociedade, foi liberada e como uma bomba, explodiu.

Nessa explosão, emergiram coisas; difíceis de qualificar nesse momento. Mas o fato é que emergiram e continuam emergindo e revelando, pouco a pouco, coisas que já sabíamos e coisas que ainda não sabemos. Mesmo por que estamos no meio de todo o processo e fica difícil de avaliar o que ainda não aconteceu, mas que pode vir a acontecer, a partir disso tudo que emerge confusamente, criando formas novas.

Uma das principais formas assumida de cara pelo megamovimento foi o apartidarismo. A palavra de ordem era a luta contra a corrupção e contra a copa que depois incorporou outras pautas de reivindicação: saúde, educação, transporte dentre outras. A revolta comum eram os investimentos direcionados aos setores privados e não públicos. Extremamente legítimo. As imagens dos corredores dos hospitais, dos ônibus lotados, das escolas sucateadas, das remoções de casas em contraste com as imagens dos estádios modernos se tornaram elementos por si só explicativos (sic) das desigualdades e problemas sociais brasileiros. Eu mesmo compartilhei várias dessas imagens.

O sentimento de indignação foi aumentando e a necessidade de ir às ruas também. Mas o que começou como uma luta apartidária passou a ser, ainda como elemento comum e de coesão do movimento, uma luta contra a política e os políticos brasileiros de plantão. Mas não todos e qualquer político. Alguns específicos, principalmente os do PT e do “mensalão”. Interessante como o PSDB – partido explicitamente de direita e que engendra ações políticas nefastas – esteve praticamente ausente como alvo dos direcionamentos dos manifestantes.

A coisa foi ficando mais complicada e confusa quando os manifestantes começaram a atacar toda e qualquer bandeira de movimento social e de partido de esquerda nas manifestações. Nesse momento, para mim, a luta deixou de ser apartidária e passou a ser antipartidária. E isso me soou como um alerta, pois de um modo ou de outro esta postura antipartidária enseja uma tentativa de anulação de vozes e propostas dissonantes e isso vai de encontro à luta pela democracia e justiça social.

No facebook comecei a notar, nos últimos dias, algumas críticas às manifestações. Chamou-me a atenção duas delas: uma questionava a verdadeira eficácia do movimento e se tudo aquilo não passaria de um modismo sem propósito e direção. A outra partia de um integrante de movimento social que reclamava o fato de que as manifestações, como agiam, estavam apagando a história dos movimentos sociais históricos de luta, bem como negando a importância deles.

De pronto, posicionei-me contrário a ambas as críticas. A primeira eu entendi que não procedia, pois não importava organização política, liderança, em suma, as formas tradicionais de luta e reivindicação institucionalizadas e burocratizadas não caberiam mais. O que estava valendo era o fato da vida da maioria ter se tornado “insuportável” e da energia liberada a partir das massas. Importava menos, para mim, naquele momento, uma pauta de reivindicações claras e direcionadas. A indignação manifestada em si bastaria (independentemente de ser pacífica ou não). A violência cotidiana a qual somos submetidos justificaria as manifestações. Pensava eu que, havia problemas gerais, em todo o país, que precisavam ser protestados e que, tratando-se das cidades, cada manifestação teria que ver suas pautas e problemas específicos (Por exemplo: a tarifa de ônibus não é um problema a ser tratado com a presidente, mas com o prefeito). A segunda crítica eu discordei entendendo que os movimentos sociais deveriam se aproximar dos manifestantes para unir forças e até orientá-los com respeito à luta e não se sentirem coagidos. Nesse caso, o que estava valendo, para mim, eram as misturas de gente de todas as classes, idades, gêneros, ideologias, etc. em torno de uma causa comum e que os movimentos sociais seriam só um detalhe frente à grandiosidade daquilo tudo.

Ao participar da manifestação em Campinas, frente ao que eu vi e ouvi, tratei de reconsiderar as críticas acima e a revê-las, reavaliá-las e modificar meu posicionamento que, ainda, está confuso para mim mesmo, pois pôs por terra muitas ideias e opiniões que eu havia formado até então, principalmente com relação à força e capacidade de construção de uma nova história a partir dessas manifestações. Isso não quer dizer que eu ainda não acredite que possa haver. Mas acho importante fazer algumas ponderações, pois se sobressair (existir) o que penso estar latente por trás e no interior dessas manifestações, o tiro pode sair pela culatra e a gente mergulhar numa coisa pior. E é por isso que isso exige de nós um posicionamento sério, pensado, refletido para reorientar tais manifestações e, mesmo, canalizar a energia para o que é fundamental para obtermos o propósito maior que é da transformação da realidade perversa aí presente. Logo, o trabalho é penoso e exige vigilância constante, sem que se anulem as divergências políticas e acabemos por abrir caminho para o totalitarismo o qual combatemos.

Mas vamos aos fatos. Quando cheguei à manifestação, no centro de Campinas, senti como se estivesse chegando a um evento de carnaval. Muita gente bonita na rua, sorridente, enroladas com a bandeira do Brasil, com as caras pintadas de verde e amarelo. Não sei, mas aquilo soou muito estranho para mim. Já participei de outras manifestações e o clima era diferente: de seriedade (mesmo que houvesse descontração, conversas, risadas), mas era diferente. Nas manifestações que já participei no passado, sabia por que estava lá, por qual causa, contra quem e isso dava um sentimento de segurança (ideológica mesmo), de convicção da causa. Mas quando comecei a ver tudo aquilo o sentimento foi outro: de insegurança no sentido ideológico, da causa que estava lá para defender. Perguntei-me várias vezes: por que estou aqui mesmo? Estou lutando pelo que? Contra quem? Por que? E não conseguia saber e isso me gerou um imenso desconforto. Então, o que pareceu ser para mim no início de tudo isso algo positivo (toda essa gente misturada, de diversas classes, posicionamentos políticos e que tinham supostamente um problema em comum a resolver) pareceu não fazer mais sentido naquele momento.

Então, diante daquelas pessoas alegres, extrovertidas, que pareciam estar indo a um carnaval e não a um protesto político (não que os protestos políticos também não devam ser alegres), tentando achar alguma razão daquilo para mim mesmo, mas sentindo que eu me trairia no que eu iria falar, mesmo assim virei para um amigo e disse: “Não importa essas bandeiras e rostos pintados! O importante mesmo é essa mistura de gente que aqui, mesmo que tenham outros ideais, ou não os tenham, vai poder se confrontar e participar de algo maior”. 

Fomos-nos aproximando da aglomeração e a coisa foi ficando mais bizarra. Rolava um samba, uns caras sem camisa com cerveja na mão (sem falso moralismo), os caras pintadas, as bandeiras do Brasil e começamos a acompanhar o movimento. Muitos helicópteros sobrevoando e quase nenhum policial. O desconforto permanecia e eu comecei a ver alguns semblantes também pesados e não parecia ser por medo dos policiais ou de confusão, era algo maior, um incômodo que não parecia ter explicação lógica.

Não conseguia ver bandeiras de movimentos sociais, nem de partidos. E os gritos de guerra eram muitas vezes soltos e sem sentido. Começou a me chamar atenção os cartazes com palavras de protesto que não eram de protesto, com piadas, com sentido dúbio e alguns com conteúdos reacionários mais explícitos. Lógico que havia os cartazes sérios, grupos sérios, mas toda essa diversidade começou a não fazer mais muito sentido, não conseguia ver nexo naquilo tudo e a confusão na minha cabeça ia aumentando, mas estampava-se na cara, também, de alguns manifestantes. Pensava, então, comigo: “Isso deve ser o novo. E não estamos acostumados”. Mas cheirava a coisa velha, e não sabia por que!

Conforme fomos-nos aproximando da Prefeitura de Campinas, o Movimento se separou. Uma parte (os caras pintadas e o que me pareceu ser a galera mais rica) foi para o Centro de Conveniência de Campinas e a outra parte (que pareceu ser da esquerda) se dirigiu em direção à prefeitura. Como já estávamos exaustos, fomos embora quando ouvimos as primeiras bombas de gás lacrimogêneo. Fomos embora e as informações nos foram chegando: os manifestantes com as bandeiras do Brasil começaram a atacar militantes dos partidos de esquerda e exigir que eles abaixassem as bandeiras; e um dos principais líderes dos movimentos de sem-teto do Brasil abandonou as manifestações com a bandeira do Movimento abaixada.

Grosso modo, e generalizadamente, eu consideraria quatro grandes grupos que comporiam essas manifestações e, talvez, as designações que utilizarei não sejam adequadas, mas sirvam para expressar o perfil de cada um deles e, também, pode ser que nem condigam com a realidade. Seriam eles: 1) O grupo da esquerda (progressista), composto por estudantes, movimentos estudantis, movimentos sociais, partidos de esquerda com suas respectivas bandeiras de luta. Esses parecem se apresentar com uma politização das ideias e ações mais claras e objetivas; 2) O grupo da direita, composto por jovens e adultos reacionários, conservadores (mas travestidos de progressistas), que atacam o Governo Brasileiro e pedem um “Fora Dilma”; 3) O grupo do “oba oba”, que nunca se manifestou, mas está achando tudo lindo e resolveu participar. Ótimo que esse último grupo resolveu participar e tem direito. O problema é que ele, intencionalmente ou não, parece fazer coro à direita e ajudar a deixar tudo mais confuso; 4) O grupo dos apartidários. Esse parece ser, sim, a grande maioria que está cansada, indignada e é bem intencionada. Mas parece se perder, também, em meio a essa confusão toda. E o problema parece ser quando os movimentos de esquerda começam a ser expulsos das manifestações, esse grupo de apartidários achar normal e até positivo. E aí é quando deveriam se posicionar de modo partidário, não especificamente, mas no sentido de defender o direito à participação dos demais grupos para a coisa não virar um movimento totalitário.
Quando eu cheguei em casa, as duas críticas às manifestações as quais me referi acima começaram a fazer sentido. E eu fui juntando uma coisa com a outra para tentar entender o que está acontecendo. Ainda não sei, mas estou tentando entender.

O que vem me chamando a atenção é a velocidade, a rapidez com que esse movimento se formou e tomou fôlego. Como que um país historicamente reacionário e conservador torna-se, de uma hora para outra, revolucionário e progressista? Será que nos tornamos todos, de repente, revolucionários e progressistas? Parece-me que não. E quais seriam as evidências disso e as possíveis implicações?

Uma coisa de cada vez. Com respeito à velocidade com que se formou o movimento, podemos atribuir ao papel da internet e das redes sociais. Mas isso foi só o instrumento utilizado, não a causa para justificar a participação em massa. É preciso um motivo, uma razão (ou vários) para que milhares de pessoas saiam às ruas. E, definitivamente, não pareceu ter sido pelos vinte centavos. Mas também não sei realmente quais foram para além das atribuições óbvias que se referem à corrupção, à copa, a insatisfação, a indignação. Tenho a impressão de haver algo a mais, que não sei o que é.

Uma questão que me martela é: por que só agora, nesse momento? E vão dizer: “por que chegamos ao limite”. Mas me parece que chegamos ao limite há muito tempo. E de fato não há dia e hora marcada para manifestação da indignação. Ela simplesmente uma hora explode. Mas o que me faz questionar é o fato de que há anos observamos manifestações públicas nas ruas (de professores, trabalhadores, sem-terra, sem-teto) e a reação da sociedade sempre pareceu avessa a essas manifestações. Há anos convivemos com a remoção de moradias e comunidades inteiras, mas também com projetos de higienização nas cidades para instalação de empreendimentos privados e nunca nos incomodamos. Há anos convivemos com o extermínio de pobres na periferia e, também, ignorávamos. Há uma história de lutas sociais nesse país, de reivindicações. E por que dizemos que só agora o Brasil acordou? Quem acordou? 

Algumas hipóteses me vieram à cabeça, mesmo para justificar o fato da classe média brasileira (tida sempre como apática, despolitizada e reacionária) sair às ruas nesse momento. E aí eu pensei: talvez seja por que a classe média esteja saindo da ilusão do consumo por ter que lidar com os problemas cotidianos conhecidos há muito tempo na periferia: o endividamento pelo crédito fácil, a violência urbana, a desvalorização dos salários, as jornadas de trabalho exaustivas, o desemprego, a saúde e educação (mesmo privada) precárias. Acho que tudo isso tem a ver e torna legítima as reivindicações por uma vida melhor via uma transformação política e econômica. Mas uma outra questão me toca: será que a classe média brasileira está preocupada em resolver o problema das cidades como um todo e do país como um todo (e aí entrariam as periferias das cidades e as regiões periféricas do país) ou só os problemas delas, ou seja, será que esta classe média tem tomado consciência dos problemas estruturais, da totalidade, ou está apenas tentando resolver a crise societária dela e só dela nestes tempos tumultuados?

Por que a meu ver, a mudança de ações positivas e de construção de uma nova história exige, forçosamente, uma mudança de pensamento, um posicionamento diferente no mundo diante das coisas que existem e isso inclui posicionar-se diante dos outros (que não fazem parte do seu mundo) para também compreender suas angústias, dramas e perspectivas sobre a vida.

Nessas manifestações não vejo a participação de pobres. De quem realmente sofre, vive no limite da existência. E quem está ligado a eles que são os movimentos sociais e os partidos de esquerda, está sendo banido das manifestações. 

Ano passado, assistimos (de modo muito mal veiculado pela imprensa hegemônica, ou não veiculado) o massacre do pinheirinho na cidade de São José dos Campos em São Paulo. Após uma ação de reintegração de posse ensejada pela Justiça de São Paulo em favor do especulador Naji Nahas (lembram-se dele? Histórico medonho desse sujeito) contra uma comunidade onde viviam mais de 1500 famílias há anos (praticamente constituíram um bairro), os policiais do Alckmin foram enviados e tocaram o terror contra as famílias, atacaram crianças, idosos, derrubaram as casas sem deixar os moradores retirarem seus pertences que conseguiram com anos de trabalho. E o massacre de Eldorado onde sem-terra foram assassinados por jagunços? E os indígenas que perdem suas terras para o agronegócio? Só para ficar nos exemplos de maior repercussão e que a sociedade brasileira deu de ombros. E tantos outros como esses ocorrem constantemente, em várias cidades do país. Esses eventos ensejam reações e manifestações também. 

Agora veio a copa. E toda essa massa de gente que está na rua parecia estar tranquila e contente com o megaevento. Talvez por que não tivéssemos a dimensão do que isso implicaria: investimento de capital público para produção de infraestrutura a ser explorada, posteriormente, pelo capital privado externo, legislações específicas (impostas pela Fifa) que implicariam numa dificuldade de circulação e trabalho nas áreas dos eventos, a possível drenagem do dinheiro gasto pelos brasileiros para as empresas estrangeiras que explorarão serviços e comércio durante a copa etc. E de repente nos indignamos (eu me indignei também) com os gastos do evento que poderiam ser melhor investidos em serviços públicos. Mas como a coisa veio se dando pareceu que sempre tivemos uma educação e saúde de qualidade e que só agora, por causa da copa, perdemos tudo.

E não é bem assim, como sabemos. O mundo da política é um mundo complexo, cheio de artimanhas e armadilhas. É altamente racionalizado e arquitetado. É diferente do mundo banal, da vida banal, da vida política praticada aqui embaixo. Nós sentimos o efeito da política, e até agimos a partir dela, das teias de relações que nos mantêm presos a ela. Mas temos muita dificuldade de compreender as causas, os mecanismos que põem em movimento as ações políticas. E quando se tenta forjar uma relação entre os de baixo e os de cima a coisa se torna mais complexa ainda e arriscada, principalmente mediante essa crise de representatividade e da existência de canais participativos.

Voltando à copa. Os casos de remoção no Rio de Janeiro para preparar o território para a copa são emblemáticos. Inúmeros moradores se mobilizam atualmente para resistirem às remoções. Não sei se estes mesmos moradores estão participando das manifestações no Rio de Janeiro e se sentem representados por ela.

A gente da classe média caiu numa abstração com relação a essa luta que não tem tamanho. E a falta de conhecimento real dos problemas torna a coisa perigosa, por que as ações passam a ser sentido e, pior, podem assumir um sentido contrário ao que precisamos para efetivamente dar um salto qualitativo em nossas vidas. Não bastar ir às ruas. É preciso ir às ruas com consciência. E também é difícil ter essa tal consciência de. É preciso entender que não entendemos. E não entendemos mesmo. Isso não é problema. É honestidade. Por que há gente nessas manifestações que não entendem o que se passa, como funciona a política, não tem conhecimento histórico e acha que por estar nas ruas basta. Que vai mudar o país. Que vai vir o novo. E o novo pode se apresentar como velho. Aliás, esse novo carece de qualificação. Que novidade é essa que queremos? Como faremos para tê-la? É boa para todos? 

Tem muita gente participando dessas manifestações com interesses escusos. E o problema é que elas não revelam isso de cara. São desonestas, portanto, por que impedem o debate, o confronto de opiniões e ideias. E a boa parte bem intencionada começa a incorporar os discursos e interesses dessa outra sem se dar conta, por que elas não revelam a real, o que defendem. A gente tem que estar o tempo todo atento e pegando nas entrelinhas.

Nos últimos tempos quais são os dizeres que tem circulado na internet? A favor da diminuição da menoridade penal, dizeres “como bandido bom é bandido morto”, revoltados contra os benefícios de presidiários (por que os trabalhadores honestos sofrem com os baixos salários), contra os direitos humanos (por que acha que só defende bandido), a favor da truculência policial nas periferias, contra o bolsa família (mas sem se importar com o bolsa renda especulativa dos poderosos empresários e bancos), contra os direitos gays, das mulheres, dos pobres; a favor da construção de mais presídios, etc. E eu não estou dizendo que quem defende esses preceitos sejam pessoas ruins. Não se trata disso. São pessoas bem intencionadas que, muitas vezes, mediante as condições de vida, acredita que seus problemas estão relacionados ao desvio de caráter dos pobres e dos políticos e não às forças “ocultas” que comandam e governam o mundo. Assim, são pessoas que revelam a dificuldade de compreender a complexidade das relações (políticas, sociais, econômicas) e, pior, que muitas vezes não estão dispostas a se informar, a entender melhor por que as coisas são assim ou assado. 

Essa produção e difusão da informação de massa compartilhada vieram para o bem e para o mal, por que não sabemos selecionar a boa informação, da má informação (daquela deturpada, que esconde interesses escusos, mas mais atrativa). E optamos pela má, que é mais sedutora, das frases de efeito, de impacto. O fato é que hoje, grande parte dos que estão nas ruas fazem parte dessa gente que pensam e defendem as causas a partir daquelas ideias que elas postam no face. O Brasil é sim um país reacionário, conservador. Fomos educados nessa lógica. Agora não tem que ser assim sempre. Que esse processo todo, se bem conduzido, nos faça rever nossos posicionamentos, nossas crenças, que mudem nossas opiniões sobre a vida e o mundo que é bem mais que a minha rua, a minha praça, o bar que eu frequento, a comunidade da qual eu participo. Precisamos identificar os verdadeiros inimigos (instituições, partidos, governantes, mas também princípios) e isso está cada vez mais difícil por que somos seduzidos por estes e postos contra as verdadeiras causas justas e honestas.

O que eu penso ser mais importante nesse momento são os debates. Mas os debates honestos. Em que as pessoas se colocam e defendem suas causas e por que defendem. Não dá para se (in)formar politicamente pelo face. E por isso que é importante a presença dos partidos políticos (de direita e esquerda) e dos movimentos sociais nessas manifestações. Vão dizer que hoje não há mais esquerda e direita. Que a esquerda se corrompeu etc. e tal. OK! Mas essa pode ser uma meia verdade, não a verdade toda. E deve ser encarada como um dado da história, de nosso tempo. Devemos nos perguntar por que isso aconteceu e se aconteceu de fato. A meu ver, essas forças “ocultas” que governam o mundo e os países querem exatamente isso: acabar com os partidos, com os posicionamentos e instituir uma ideologia única. Isso é perigoso.

Não precisamos nos filiar a partido político. Mas precisamos nos posicionar politicamente e para isso é preciso tomar partido. De qual lado estamos e o que defendemos. Ser apartidário nesse momento é exatamente o que as forças reacionárias querem: assim fica fácil de encontrar inimigos e lutar contra eles de forma personalizada e não contra ideias, processos, fatos.
É patético ver protestos contra o Executivo nacional que deveriam ser dirigidos ao legislativo ou ao judiciário. Ou mesmo questões que são da alçada de prefeitos e governadores serem transpostos à presidência da república. Isso só revela uma coisa: ignorância. Não sabemos nem o fundamental que é como se organiza a política administrativa de nosso país. 

E aí atuamos às cegas? Um prato cheio para as forças políticas mal intencionadas usar todo esse clamor a seu favor. Um primeiro passo é admitirmos para nós mesmos: sim, não sabemos, não conhecemos, precisamos compreender as razões disso e daquilo. E vamos à luta, mas conscientes do que estamos defendendo e da responsabilidade que temos ao defendermos isso ou aquilo, bem como de suas possíveis implicações. 

É chegada a hora dessa classe média bem intencionada (se realmente estiver preocupada em fazer política séria) conversar com a periferia. Sair do castelo. Há muito tempo a periferia faz política e há muito tempo ela sabe distinguir o que é bom para todos e o que não serve para nada.

E lógico que há urgências e nem tenhamos tanto tempo para esse processo de formação e aprendizagem. Mas ele é necessário e, também, urgente.

A situação do Brasil não tá pra brincadeira. Os interesses externos aumentam (do capital principalmente) em usar e abusar do território nacional. Quer queiramos quer não, os governos latino-americanos têm sido governados, nas últimas décadas, pela esquerda. E isso deixa tanto a oligarquia nacional como os empresários e governos ricos de cabelo em pé, a despeito das políticas de privatizações e alienação sofrida pelo território nacional. Mas eles querem mais e mais.

No contexto latino-americano, os brasileiros e o Brasil viram às costas para os nossos vizinhos. Mas se observarmos o que vem ocorrendo nos últimos anos são tentativas de golpes a estes governos (do Hugo Chavez na Venezuela) e alguns bem sucedidos como o do Zelaya em Honduras e Lugo no Paraguai. O Brasil é a grande liderança desse continente e é o que tem força e capacidade para instaurar transformações profundas na história do capitalismo latino-americano.

Não deveríamos, portanto, afastar por completo a possibilidade de tentativa de golpe no Brasil. Nossa democracia é extremamente frágil e imatura. Desde a redemocratização do país temos sentido isso. Os interesses externos, mediados pela elite nacional, sempre se impuseram sobre os interesses dos brasileiros. E a classe média brasileira sempre se identificou mais com os ideais nefastos dessa elite, do que com aqueles que apontam para nós mesmos, para a nossa condição de brasileiros. Sempre nos negamos como pobres, indígenas, pretos, mestiços e pobres. E sempre nos espelhamos nos ideais dos brancos, ricos e europeus nos tornando uma caricatura tosca deles. 

Muitos brasileiros ainda não admitem às políticas sociais dos últimos governos (com todas as críticas que devemos fazer a elas). E não estou defendendo o PT, deixando claro que não pertenço a partido algum. Mas sempre vou defender os partidos que estejam mais concatenados com os interesses sociais, com a manutenção da democracia. 

Os últimos eventos políticos têm demonstrado as tentativas de encurralar a presidente: o questionável julgamento do mensalão (criticado exatamente por não ter se utilizado de parâmetros técnicos e legais, mas políticos causando um início de crise no judiciário), a ascensão do Joaquim Barbosa como herói nacional (mesmo que supostamente tenha condenado arbitrariamente alguns réus), mas louvado por combater os “malditos comunistas” do PT.

Então, juntando essa movimentação do cenário político e jurídico nacional, com a movimentação do cenário político internacional de nossos vizinhos, com a mentalidade reacionária da classe média brasileira (que defende tudo que há de mais abominável nos tempos de hoje e que sente saudades da didatura), com os interesses econômicos das grandes empresas nacionais e internacionais que agem nos bastidores, sem transparência... juntando tudo isso, é que devemos estar atentos aos rumos que essas manifestações possam tomar. 

Então, não se trata apenas de fazer um elogio a tudo que está acontecendo se não soubermos, conscientemente e concretamente, onde queremos chegar. Que esses eventos sirvam não só como manifestação da indignação, da dificuldade de se viver dignamente nos dias de hoje. Que ele sirva também de aprendizagem, que seja uma fábrica de produção de sentidos, de aprendizagem que nos ponham verdadeiramente de pé. Que sirva para discernir os bons dos ruins (no sentido absoluto e não relativo dos termos), para que separemos, dentro do próprio movimento, o joio do trigo (como disse um amigo meu, constatando que parece, nesse momento, haver mais joio do que trigo).

Não podemos abandonar a história de luta dos movimentos passados e as conquistas, como se não tivéssemos nada a aprender com eles (por que são velhos e nós somos novos e isso bastasse para representar o novo). Podemos, de repente, estar caminhando pra trás e nos tornando mais velhos e retrógrados do que pensamos. E as atitudes atuais, de muitos jovens, não todos (é claro), tem demonstrado, às vezes, que retrocedemos em relação à juventude do passado
, que ficamos caretas, egoístas, individualistas, preconceituosos, burros e sem ideal. 

Por isso, viva aos jovens do passado (que se velhos hoje podem ter mais ideias novas do que nós). Viva aos jovens do passado que sem tecnologia, dinheiro e uma série de artifícios que facilitam nossas vidas atualmente; engendraram grandes lutas e conquistas. Viva aos movimentos sociais e aos partidos políticos do passado e do presente que ajudaram a construir esse país e se, não fizeram mais, é por que a vida política é uma disputa constante entre o bem e o mal. Cabe a nós retomar as causas, os grandes princípios da humanidade e nos preparar, inteligentemente, para irmos à luta a partir das possibilidades e facilidades de nosso tempo.

domingo, 23 de junho de 2013

O que esta acontecendo com o Brasil, nesses últimos dias?



Fiquei bem confuso com o que estava ocorrendo nos últimos dias no Brasil, pois sei que há uma insatisfação enorme da sociedade brasileira no que compete a coisas como, corrupção, carga tributaria, impunidade, falta de qualidade nos serviços públicos (saúde, segurança e educação).
Bom reivindicar isso eu achei maravilhoso, pois acredito que a massa da população brasileira clama por tais mudanças há muitos anos e está cansada de ser bombardeada com tanto descaso de uma classe política tão desacreditada como a nossa. Pois bem, estava achando as manifestações algo muito bacana. O Brasil todo nas ruas pedindo mudanças! Era o que eu e tantas pessoas queríamos ver e de uma hora para outra estava acontecendo, maravilhoso, pensava eu. Dias depois começaram a surgir várias dúvidas:  como que uma massa enorme de pessoas, na sua grande maioria despolitizada esta revindicando tanta coisa? Manifestações com Cobertura da Rede Globo e apoio dos seus funcionários? E por fim, abro o facebook e está lá uma foto fora Dilma vc não nos representa.
Bom, parei um pouco e fiz uma breve reflexão. Já que Historicamente há uma correlação de forças no Brasil, acredito que desde o inicio isso se reflete na política e na sociedade, pois ao longo dessa historia já tivemos sete constituições, ora levando em conta esse processo histórico e as gigantescas oligarquias que a anos ditam as regras desse pais, privilegiando é claro o capital e se lixando para os anseios da população, fica evidente o que estamos presenciando nessas manifestações.

Bom, sendo assim, busquei ler, e destaco um exelente texto do Valter Pomar, segue o link (http://www.brasildefato.com.br/node/13313#.UcThbZKYZDw.email) para quem quiser dar uma olhada vale apena, e conversar com pessoas confiáveis e logo as minhas duvidas começaram a ser sanadas. Conversei com a minha professora de Geografia Econômica, Marta da Silveira Luedemann, tendo em vista o que tinha ocorrido na Venezuela e na chamada primavera árabe, parecia adivinhar o que estava por vir aqui no Brasil e ela me alertou para um fato importantíssimo: o PT está no governo federal há 10 anos e o Fernando Haddad acaba de ser eleito em São Paulo, fato esse que deve ter incomodado muito a direita desse país. Logo, na minha opinião, ela, a direita, está se aproveitando da indignação e da falta de politização de parte de nossa sociedade para tentar dar um golpe usando as manifestações sociais para retomar o poder.